sexta-feira, 23 de outubro de 2020

EDUCANDO EMOÇÕES E SENTIMENTOS


 Educar a infância é semear o bom grão; é preparar uma nova sociedade, é criar um novo mundo onde habitará a justiça; onde reinará a solidariedade, garantindo o pão para todas as bocas, e a fraternidade a todos oferecendo ensejo de revelarem suas capacidades. É tempo de reconhecermos essas verdades. O Espiritismo, tendo por escopo principal promover a transformação do indivíduo, não pode permanecer por mais tempo alheio ao processo cuja eficácia é indiscutível na melhoria individual e social: a educação que, iniciada na infância, se transforma, no adulto, em autoeducação, realizando o sábio imperativo evangélico: Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que estás nos céus.

Léon Denis, o grande apóstolo da Terceira Revelação, proferiu a seguinte sentença:

“O Espiritismo será o que os homens o fizerem.” Esta frase do eminente e destacado filósofo, com franqueza, impressionou-me mal durante muito tempo. Eu não me acomodava com o conceito de Denis. Achava que ele foi infeliz naquela expressão, porque, argumentava comigo mesmo: O Espiritismo é a Verdade e a Verdade é o que é e não o que os homens pretendem que seja.

Mais tarde, porém, com a reserva de experiências que fui acumulando, verifiquei que Léon Denis tem toda a razão no que disse a propósito da Doutrina Espírita. Realmente, as coisas se passam neste mundo, tal qual o conceito daquele conspícuo pensador. As palavras são as vestes das idéias. Os homens as interpretam segundo os seus interesses e pendores pessoais, das suas escolas e partidos. É assim que eles mudam as vesti- duras de uma ideia para outra, muito diversa, e, insistindo nessa troca, acabam conseguindo que o falso passe como verdadeiro, o irreal como pura evidência. A história humana está repleta de fatos dessa espécie.

Vejamos, por exemplo, o que foi o Cristianismo no seu berço, na sua fonte pulcra e o que é nos dias que correm. Que fizeram os homens do século do Cristianismo? Jesus predicou e deu testemunho de mansuetude, de solidariedade e das relações fraternas que devem servir de norma à vida humana. Partindo da paternidade divina, irmanou raças, nações e povos, abolindo as causas de separação. Fez notar, enfaticamente, que as finalidades do destino então na conquista do Reino de Deus, que é o da justiça, da liberdade e do amor. Sob a égide de tais postulados, Jesus afirmou: “Eu venci o mundo”. O que fizeram os homens, repetimos, dessa divina doutrina? Abandonaram aqueles sábios preceitos, enveredaram pela estrada do despotismo, empregando a violência ao invés da mansuetude [...].

Concluímos, pois, que o Cristianismo não permaneceu o que realmente é, mas ficou sendo o que os homens o fizeram.

Cumpre, agora, indagar: Que pretendem os homens fazer do Espiritismo, desviando-o de sua finalidade, precípua e verdadeira, que é, como desdobramento do Cristianismo, acender o facho da luz no interior das consciências, regenerando e reformando o homem por meio da Educação, tal como exemplificou o divino Mestre em sua passagem por este mundo?

Espíritas que me ouvis: Voltai vossa atenção para a escola — solução única de todos os problemas, dizendo com Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus”.

Fonte: VINÍCIUS. Clama sem cessar. In:_________. O Mestre na educação. 10. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. p. 105-111.












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