sábado, 28 de novembro de 2020

RENOVAÇAO

 



Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um o mesmo é que o outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.


Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as conseqüências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza é da sua essência mesma e é donde lhe vem a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao vulgo.


Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encarnado.


Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente para guiá-los e para lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de vencer seus pendores. Atêm-se mais aos fenômenos do que à moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar os segredos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência.


Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.

Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo  XVII - Sede perfeitos, os bons espíritas.












sexta-feira, 20 de novembro de 2020

JESUS


Essas são algumas de suas palavras na obra O Mestre dos Mestres:


"Houve um homem que viveu há muitos séculos e que não apenas brilhou em sua inteligência, mas teve uma personalidade intrigante, misteriosa e fascinante. Ele conquistou uma fama indescritível. (...) Todavia, em detrimento de sua enorme fama, algumas áreas fundamentais da sua inteligência são pouco conhecidas. Ele destilava sabedoria diante das suas dores e era íntimo da arte de pensar. Esse homem foi Jesus Cristo.

A história de Cristo teve particularidades em toda a sua trajetória: do seu nascimento à sua morte. Ele abalou os alicerces da história humana por intermédio da sua própria história. Seu viver e seus pensamentos atravessaram gerações, varreram os séculos, embora ele nunca tenha procurado status social e político.

Sua vida sempre foi árida, sem nenhum privilégio econômico e social. Conheceu intimamente as dores da existência. Contudo, ao invés de se preocupar com as suas próprias dores e querer que o mundo gravitasse em torno das suas necessidades, ele se preocupava com as dores e necessidades alheias.

"Contudo, o Jesus de Nazaré continua a fascinar crentes e não-crentes, admiradores ou críticos. Por mais de dois séculos, estudiosos e pessoas comuns voltaram-se para esse camponês simples e pouco preocupado com as grandezas deste mundo. Durante os primeiros tempos, na luta do Iluminismo contra as Igrejas cristãs, Jesus causou espanto: como um iletrado, que nada nos deixou por escrito, pode ser tão influente? Como explicar os seus milagres? Com o passar do tempo, e conforme o interesse pelo Jesus Histórico expandiu-se e a luta antirreligiosa arrefeceu, procurou-se entender o contexto histórico, as situações humanas e sociais vivenciadas pelo Nazareno e seus seguidores. Nunca essa busca afastou-se das inquietações do presente. No momento em que vivemos - neste início de novo milênio, de tantas contradições e conflitos, mas também de esperanças e expectativas - Jesus continua mais atual do que nunca. Ficaremos contentes se, ao final deste livro, o leitor ficar instigado a conhecer mais esse personagem histórico único." 

Em O Livro dos Espíritos, no capítulo em que Allan Kardec explana sobre a Lei divina ou Lei natural, temos a questão 625, na qual podemos encontrar uma indicação de como Ele deve nos influenciar, sobretudo aos espíritas.  Assim o Codificador pergunta aos Espíritos Superiores:

"Qual o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?"

E a resposta é muito clara e objetiva:

"Vede Jesus."

Em complemento, Kardec escreve:

"Jesus é para o homem o modelo da perfeição moral a que a Humanidade pode pretender sobre a Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão da Sua lei, porque ele estava animado de espírito divino e foi o ser mais puro que apareceu sobre a Terra."

Podemos afirmar, portanto, que a definição apresentada por Kardec, decerto por orientação e/ou inspiração do plano superior, foi exatíssima: Jesus é a pessoa mais indicada para termos como diretriz de comportamento e vivência interior, por ter sido ele possuidor de uma personalidade refinadíssima, com características comportamentais elevadíssimas e de uma consistente e profunda vivência espiritual. Desse modo, Jesus não é apenas um personagem histórico para ser admirado, divinizado ou idolatrado, mas alguém a ser consultado em todos os momentos de nossa vida.

Para respondermos, portanto, à pergunta-título Quem foi Jesus?,  fiquemos com as palavras do espírito Joanna de Ângelis:

"Jesus é o mais notável Ser da História da Humanidade.

(...) Sob qualquer aspecto considerado, o seu Testamento - o Evangelho - é o mais belo poema de esperanças e consolações de que se tem notícia. Concomitantemente, é precioso tratado de psicoterapia contemporânea, para os incontáveis males que afligem a criatura e a Humanidade.

Vivendo numa época em que predominava a ignorância em forma de sombra individual e coletiva, qual ocorre também nestes dias, embora em menor escala, Jesus cindiu o lado escuro da sociedade e das criaturas, iluminando as consciências com a proposta de libertação pelo conhecimento da Verdade e integração nos postulados soberanos do amor.

Jamais a Humanidade voltaria a viver dias como aqueles em que Ele esteve com as criaturas, sofrendo com elas e amando-as, ajudando-as e entendendo-as, ao tempo em que tomava exemplos da Natureza e, na sua pauta incomparável, cantava a melodia extraordinária da Boa Nova.

E ainda hoje a Sua voz alcança os ouvidos de todos aqueles que sofrem, ou que aspiram pelos ideais de beleza e de felicidade, ou que anelam por melhores dias, emulando-os em prosseguimento da tarefa e em autossuperação, ambicionando a plenitude." 


KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996.

 ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda. 1. ed. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2000. p. 9

CURY, Augusto Jorge. O Mestre dos Mestres (análise da inteligência de Cristo). 55. ed. São Paulo: Academia de Inteligência, 1999. p. 14 (literatura não-espírita)

 










sexta-feira, 13 de novembro de 2020

A lei de amor


O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. […] E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiro os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.


QUESTÃO 625 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS

O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas, é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para as perguntas e respostas foi o empregado.


Parte 

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”


A.K.: Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.


Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.


ALLAN KARDEC. EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO.

ALLAN KARDEC. LIVRO DOS ESPIRITOS.







 



sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Amor, Educando os Sentimentos

 



    Louváveis esforços indubitavelmente se empregam para fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos são animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra época. Entretanto, o egoísmo, verme roedor, continua a ser a chaga social. É um mal real, que se alastra por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Cumpre, pois, combatê-lo, como se combate uma enfermidade epidêmica. Para isso, deve-se proceder como procedem os médicos: ir à origem do mal. Procurem-se em todas as partes do organismo social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências que, ostensiva ou ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo. Só restará então destruí-las, senão totalmente, de uma só vez, ao menos parcialmente, e o veneno pouco a pouco será eliminado. Poderá ser longa a cura, porque numerosas são as causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.

FONTE: Sublime sementeira: evangelização espírita infantojuvenil / Miriam Masotti Dusi (Coord.); Cirne Ferreira de Araújo, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Veridiana de Paula Reis Castro. - Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2012